segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Capela Musical Pontifícia Sistina



Milhões de pessoas do mundo inteiro, durante as principais solenidades religiosas, acompanham pela televisão e pelo rádio as celebrações do Papa na Basílica de São Pedro. E são milhões os que escutam e apreciam os cantos que acompanham tais cerimônias, interpretados pelo coro mais antigo conhecido, a «Capela Sistina».

O nome, com grande carga histórica, traz à mente aquela especial igreja dentro do Vaticano, onde, há séculos, os cardeais se reúnem para eleger um novo papa. E também as obras-primas que enriquecem as paredes, obras imortais de Botticelli, Signorelli, Perugino, Pinturicchio, Ghirlandaio e, sobretudo, os afrescos de Miguelangelo, em especial o Juízo Final.

Mas naquela capela nasceu também a schola cantorum do Papa, o coro que há séculos interpreta as partes musicais nas celebrações litúrgicas do bispo de Roma. Um conjunto artístico único e com grande prestígio. E, para conhecê-lo de perto, entrevistamos seu diretor, Dom Giuseppe Liberto, siciliano, professor de música de prestígio internacional, que há doze anos dirige a schola cantorum do Papa.

«Chama-se Capela Sistina em honra do Papa Sisto IV, Francisco della Rovere, que, ao ser eleito em 1471, ocupou-se dela pessoalmente, organizando-a de forma sistemática», explica à ZenitGiuseppe Liberto. Dom

O nome completo é Capela Musical Pontifícia Sistina. Existia já muito antes de Sisto IV. Há notícias que se remontam ao final do século VI, sob o Papa Gregório Magno, o compilador do canto gregoriano.

Ao ser eleito, o Papa Della Rovere fez construir, dentro dos Palácios Vaticanos, uma capela reservada às celebrações litúrgicas papais.

E estabeleceu que as partes musicais das celebrações fossem interpretadas sempre e exclusivamente pela mesma schola cantorum, que tomou o nome do fundador, Capela Sistina.

Com 65 anos, licenciado em Filosofia e Teologia, diplomado em composição, Dom Liberto nasceu com a música no sangue, e desde jovem ofereceu a Deus este grande talento artístico usando-o como meio de evangelização.

Após sua ordenação sacerdotal, foi nomeado diretor da schola cantorum da catedral de Monreal, em Sicília, sua diocese, onde se afirmou não só como diretor musical, mas como compositor e, em 1997, João Paulo II o chamou ao Vaticano, confiando-lhe a tarefa de maestro diretor da Capela Musical Pontifícia Sistina.

Tarefa excepcional. Giuseppe Liberto subia ao pódio que durante um século ocuparam dois celebérrimos maestros: Lorenzo Perosi, de 1898 a 1956, e Domenico Bartolucci, de 1956 a 1997.

Cada um, sendo também extraordinário compositor, deixou uma herança musical de prestígio e agora aquele prestígio está sobre os ombros de Dom Liberto.

«O cargo comporta realmente uma grande responsabilidade – diz o maestro. Não só porque a música interpretada pela Capela Sistina chega hoje, graças à rádio, à televisão, os CDs, os DVDs, etc., a um público incalculável, mas sobretudo porque sua responsabilidade para com os crentes é muito especial.»

A música da Capela Sistina não deve buscar só o resultado artístico, que é certamente obrigado, tratando-se da schola cantorum do centro da cristandade, que pode presumir de mais de 15 séculos de tradição, mas deve sobretudo ajudar quem a escuta a viver e acompanhar com espírito de fé as celebrações litúrgicas do Papa e deve, portanto, converter-se ela mesma em oração; uma tarefa que se torna missão, considera o maestro.

Afável, sorridente, Dom Liberto nos introduz nos Palácios Vaticanos. Passamos por amplos corredores, salas enormes cheias de luz e frescos de legendários mestres da pintura nas paredes. Encontramos guardas suíços, monsenhores, bispos, cardeais e todos saúdam calorosamente o maestro, que responde com a mesma cordialidade.

Ele conhece todos. Suas palavras, seus gestos, todo seu comportamento é harmonioso, musical. De sua pessoa emana uma contagiosa energia positiva e serena.

Ele nos introduz na Capela Sistina. Aponta o coro, à direita do grande fresco do Juízo de Miguelangelo, e diz: «Aí nasceu o coro que eu dirijo agora. Sisto IV começou a celebrar as funções litúrgicas nesta capela por volta de 1473 e precisamente a partir daí o coro interpreta seu repertório. Portanto, há mais de 500 anos, quando os papas celebram entre estas paredes, a música surge desse coro».

Pede que lhe abram a porta secreta e, através de uma escada empinada e estreita, subimos ao coro. Desde cima se domina toda a Capela Sistina. Veem-se as obras primas dos grandes artistas de uma perspectiva única.

Nas paredes que delimitam o coro, vê-se autógrafos deixados ao longo dos séculos. «São os cantores – explica. Eram conscientes de que faziam parte da história e quiseram deixar sua lembrança. Deciframos esses nomes, podemos encontrar surpresas incríveis. Por exemplo, um dos cantores da Capela Sistina em 1500 se chamava Pier Luigi da Palestrina: o maior polifonista, autor de obras primas que ainda interpretamos e que surpreendem o mundo. Mas também célebres músicos daquele tempo foram cantores da Capela Sistina.

Por exemplo, Luca Marenzio (1553-1599), madrigalista; Cristóbal Morales, (1500-1553), o mais importante compositor espanhol de música vocal da primeira metade do século XVI; CostanzoJoaquin Desprez (1455-1521), o mais famoso compositor da escola franco-flamenca; e Gregorio Allegri, um presbítero romano, bom músico, que viveu em Roma de 1582 a 1652, autor de um Miserere a nove vozes, que se tornou legendário. Tão famoso aquele Miserere, que o Papa ameaçou excomungar a quem difundisse a partitura fora do Vaticano. Festa (1490-1545);

Era interpretado na Capela Sistina e na basílica de São Pedro, durante os ritos de Semana Santa, e suscitava emoções fortíssimas. Não só pela música, que é bastante simples, mas pelo lugar de execução, o tipo de liturgia em que se inscrevia, com o Papa e os cardeais prostrados no chão, as velas e as tochas que se apagavam uma a uma, até deixar a basílica em total escuridão, com aquela escuridão que caiu sobre Jerusalém na morte de Jesus.

Aquele canto, interpretado com extra ordinária maestria, alternando passagens «piano» e «forte» lentas e acelerações imprevistas, e «filati» que parecem lamentos, tornava-se inesquecível. Portanto, ainda provoca grande emoção, e o demonstram as numerosas gravações em venda, que têm um bom público.

Eis algumas musica da Capela Musical Pontifícia Sistina

Só clicar e baixar:




Inno della Porta Santa


- Inno a Cristo Signore dei Millenni per l'Apertura della Porta Santa "Veni ad liberandum nos"


- Inno a Cristo Signore dei Millenni per la Chiusura della Porta Santa