quinta-feira, outubro 14, 2010

Santa Teresa de Ávila

 

 

 

VIVO SEM VIVER EM MIM

Vivo sem viver em mim,
E tão alta vida espero,
Que morro porque não morro.

Vivo já fora de mim,
Desde que morro d’Amor
Porque vivo no Senhor
Que me escolheu para Si;
Quando o coração Lhe dei

Com terno amor lhe gravei:
Que morro porque não morro.
 

Esta divina prisão
Do grande amor em que vivo,



Fez a Deus ser meu cativo,
e livre o meu coração;
E causa em mim tal paixão

Ser eu de Deus a prisão,
Que morro porque não morro.
Ai que longa é esta vida!

Que duros estes desterros!

Este cárcere, estes ferros
Onde a alma está metida.
Só de esperar a saída
Me causa dor tão sentida,
Que morro porque não morro.

Ai, que vida tão amarga
Por não gozar o Senhor!
Pois sendo doce o amor,
Não o é, a espera larga;

Tira-me, ó Deus, este fardo
Tão pesado e tão amargo,
Que morro porque não morro.

Só com esta confiança
Vivo porque hei-de morrer.
Porque morrendo, o viver
Me assegura a esperança;
Morte do viver s’alcança;
Vem depressa em meu socorro,
Que morro porque não morro.

Olha que o amor é forte;
Vida, não sejas molesta,
Olha que apenas te resta
Para ganhar-te o perder-te;
Vem depressa doce morte
Acolhe-me em teu socorro
Que morro porque não morro.

Do Alto, aquela vida
Que é a vida prometida,
Até que seja perdida
Não se tem, estando viva;
Morte não sejas esquiva;
Vem depressa em meu socorro,
Que morro porque não morro.

Vida, que posso eu dar
A meu Deus que vive em mim
Se não é perdeste enfim
Para melhor O gozar?
Morrendo O quero alcançar,
Pois nele está meu socorro
Que morro porque não morro.

 

segunda-feira, setembro 27, 2010

 Jovem esportista falecida aos 19 anos é Beatificada

Chiara Luce Badano


Pelo menos 25 mil pessoas se uniram no último sábado, no santuário do Divino Amor de Roma, para a beatificação de Chiara Luce Badano, jovem italiana falecida aos 19 anos (1971-1990) após uma longa doença durante a qual deu prova de autenticidade cristã.
Como no santuário cabiam apenas 5 mil peregrinos, os demais participantes assistiram à celebração, presidida em nome de Bento XVI pelo arcebispo Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, da esplanada contígua.
Muitos dos presentes - de 71 países - fazem parte do Movimento dos Focolares, cujo carisma foi vivido pela jovem.
Na homilia, Dom Amato definiu a nova beata como "uma garota de coração cristalino", "moderna, esportista, positiva que, num mundo rico de bem-estar, porém deficiente de tristeza e infelicidade, nos transmite uma mensagem de otimismo e transparência".
Em seguida, lembrou de acontecimentos simples e cotidianos da vida de Chiara Luce, na localidade italiana de Sassello, onde vivia; são fatos cheios de surpreendente radicalidade evangélica: desde quando dava o lanche aos pobres, até quando acolheu uma senhora marginalizada, ou quando dava testemunho em um café com os amigos, pois "o que importa não é só falar de Deus. Tenho de anunciá-lo com a minha vida".
Sua vida se tornou ainda mais luminosa depois que os médicos diagnosticaram nesta apaixonada pelo jogo de tênis um câncer nos ossos (osteosarcoma), início de uma doença que a levaria à morte.
Quando tiveram de amputar-lhe as pernas, a garota disse: "não tenho pernas, mas o Senhor me deu asas".
"Essa garota aparentemente frágil, era na realidade uma mulher forte", acrescentou Dom Amato. Ela encontrou esta força na espiritualidade do Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich, com quem a jovem manteve uma intensa relação epistolar e de quem recebeu o nome de Chiara Luce.
"É um momento histórico, uma confirmação, por parte da Igreja, de que a espiritualidade da unidade leva à santidade", afirmou Maria Voce, atual presidente dos Focolares, ao constatar que se trata da primeira pessoa que segue este carisma eclesial.
"É um novo compromisso - acrescentou. Chiara Luce nos convida a percorrer o caminho da santidade."
Dom Pier Giorgio Micchiardi, bispo de Acqui, diocese italiana na qual Chiara Badano viveu, agradeceu pela beatificação durante a celebração e desejou que ela "ajude os jovens e os nem tão jovens a buscarem decididamente a amizade plena com Jesus".
Na celebração, participaram 14 bispos de vários países e representantes de vários movimentos, como a Ação Católica, Santo Egidio, Renovação Carismática, Schoenstatt e associações de escoteiros.
No final da celebração, a mãe de Chiara, Maria Teresa, reconheceu que "foi uma emoção muito profunda, nosso reconhecimento a Deus por nos ter dado uma filha é infinito".
Por meio dos jornalistas presentes, deixou esta mensagem aos pais que descobrem a doença de seus filhos: "São momentos de grande dor, mas o consolo só pode vir de Deus. Ele nos apoiou com a força da unidade, uma força que não provém apenas da unidade entre nós, mas da potência da unidade que todas as pessoas do Movimento desencadearam".

ROMA, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

quarta-feira, setembro 22, 2010

Católicos e ortodoxos debatem sobre o primado petrino no primeiro milênio


Viena acolhe nesta semana a 12ª Sessão Plenária da Comissão Mista
As Igrejas católica e ortodoxa estão debatendo nesta semana em Viena sobre a função que o bispo de Roma tinha na comunhão da Igreja durante o primeiro milênio. Isso se faz no contexto da 12ª sessão plenária da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre as duas Igrejas.
http://www.conexaoortodoxa.com/blog/wp-content/uploads/2010/05/ortodoxo-catolico-300x211.jpgA Comissão busca uma leitura comum dos fatos históricos e dos testemunhos relativos ao primado petrino no primeiro milênio, com a finalidade de alcançar uma desejável e possível interpretação compartilhada.
A convergência na interpretação histórica do primado petrino no primeiro milênio poderia auxiliar o avanço no diálogo entre os católicos e os ortodoxos sobre o tema central que os separa: o exercício do primado do Papa.
Mas se trata de uma questão complexa, “que exigirá um estudo profundo e um diálogo paciente”, destaca o jornal vaticano L'Osservatore Romano nesta quarta-feira.
De fato, a esperada sessão, que se celebra de 20 a 27 de setembro, aborda pela segunda vez o tema, depois da reunião no Chipre em 2009.
No geral – não focalizamos um período histórico –, a questão do primado na Igreja universal se encontra no centro da fase atual do diálogo entre católicos e ortodoxos, inagurada na sessão plenária de Ravena, em 2007.
Naquele encontro, a Comissão aprovou um documento chamado As consequências eclesiológicas e canônicas da natureza sacramental da Igreja: comunhão eclesial, conciliação e autoridade.
Este texto trata da relação entre conciliação e autoridade na Igreja em três níveis: local, religioso e universal.
Afirma que, em cada um destes níveis há um protos e um primus (bispo, metropolita - patriarca, bispo de Roma).
Entrando mais diretamente na problemática do protos no âmbito universal - o atual Papa de Roma -, o documento diz que católicos e ortodoxos coincidem em que “Roma, enquanto Igreja que preside na caridade, ocupava o primeiro lugar na taxis e que o bispo de Roma era portanto o protos entre os patriarcas” (Documento de Ravena, n. 41).
Esse mesmo documento indica a etapa seguinte do diálogo: a questão do bispo de Roma na comunhão de todas as igrejas.
Para desenvolvê-la, a Comissão mista elaborou um projeto de trabalho. Primeiro, foi decidido que inicialmente a atenção se concentraria no primeiro milênio, quando os cristãos do Oriente e do Ocidente estavam unidos.
Por isso, no início do ano de 2008, duas subcomissões mistas - uma de língua inglesa e outra francesa - trabalharam para acolher os elementos históricos mais característicos do período tomado em consideração.
No outono deste ano, o comitê misto de coordenação se reuniu para preparar o esboço do documento para a plenária da Comissão mista, que foi examinado no Chipre em 2009.
Na sessão plenária que se celebra agora na Áustria, a Comissão retomou o exame desse esboço de documento sobre a função específica do bispo da “primeira sede” durante o primeiro milênio.
A Comissão está composta por dois representantes de cada uma das Igrejas ortodoxas locais e por um número correspondente de membros católicos.
O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Dom Kurt Koch, e o metropolitano de Pérgamo, Ioannis (Zizioulas), do patriarcado ecumênico, dirigem a reunião.
Numa recente entrevista ao L'Osservatore Romano, Dom Koch destacou sua esperança em que a reunião registre novos progressos no diálogo teológico entre católicos e ortodoxos.

VIENA, quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Fonte:Zenit

segunda-feira, setembro 20, 2010

Beatificado o sacerdote de Schoenstatt Gerhard Hirschfelder

http://www.jezuici.pl/klodzko/droga_krzyzowa_stacje/gerhard_hirschfelder.jpg

 

O sacerdote martirizado durante o nazismo, Gerhard Hirschfelder, pertencente ao primeiro grupo de sacerdotes do movimento de Schönstatt no campo de concentração de Dachau, foi beatificado ontem, na catedral de Munique.

O arcebispo de Colônia, cardeal Joaquim Meisner, representou o Papa na cerimônia e definiu o sacerdote - falecido no campo de concentração aos 35 anos - como um modelo para os jovens, segundo informou a Rádio Vaticano.
Peregrinos de toda a Alemanha e também da Polônia e da República Tcheca, onde a lembrança do sacerdote está muito viva, peregrinaram até a cidade alemã para assistir à beatificação.
O Pe. Gerhard Hirschfelder foi proclamado beato como "mártir e testemunha da fé". O cardeal Meisner destacou que o sacerdote rejeitou a inumana lógica nazista e recordou seu especial compromisso na pastoral juvenil.
O evento do domingo foi precedido por uma Eucaristia vespertina na igreja de Überwasser, no sábado à tarde, seguida de uma procissão com velas até a catedral e uma hora de oração silenciosa.

 

sábado, setembro 18, 2010

Bento XVI aos jovens

descobrir o “verdadeiro eu 

Para se descobrir o verdadeiro eu e encontrar Deus são necessários o silêncio e a oração, afirmou neste sábado o Papa Bento XVI aos jovens que o esperavam nos arredores da catedral de Westminster.

Milhares de jovens ingleses seguiram, através de telões, a Missa celebrada pelo Papa na catedral de Westminster. Ao término da celebração, Bento XVI saiu ao átrio para dali saudá-los e dirigir-lhes em breve discurso.
Recordando o lema desta viagem – “O coração fala ao coração” –, o Papa pediu que jovens “olhem no interior de seu próprio coração”, que pensem “em todo amor que seu coração é capaz de receber, e em todo amor que é capaz de oferecer”.
“Fomos criados para receber o amor, e assim tem sido”, afirmou o Papa. Ele convidou os jovens a “agradecer a Deus pelo amor que já conhecemos, o amor que nos fez quem somos, o amor que nos mostra o que é verdadeiramente importante na vida”.
“Precisamos dar graças ao Senhor pelo amor que recebemos de nossas famílias, nossos amigos, nossos professores e todas as pessoas que em nossas vidas nos ajudaram a nos dar conta do quão valiosos somos a seus olhos e aos olhos de Deus”.
O homem também foi criado para amar – prosseguiu o Papa. “Às vezes, isso parece o mais natural, especialmente quando sentimos a alegria do amor, quando nossos corações transbordam de generosidade, idealismo, desejo de ajudar os demais e construir um mundo melhor”.
“Mas outras vezes constatamos que é difícil amar; nosso coração pode-se endurecer facilmente pelo egoísmo, a inveja e o orgulho”.
http://www.dankuna.com/blog/wp-content/uploads/2008/06/westminster_abbey.jpgO amor – prosseguiu – “é o fruto de uma decisão diária. Cada dia temos de optar por amar, e isso requer ajuda”. Por isso, convidou os jovens a dedicarem tempo a Jesus na oração.
“A verdadeira oração requer disciplina; requer buscar momentos de silêncio todo dia. Muitas vezes significa esperar que o Senhor fale”.
“Inclusive em meio ao cansaço e às pressões de nossa vida cotidiana, precisamos de espaços de silêncio, porque no silêncio encontramos Deus, e no silêncio descobrimos nosso verdadeiro ser”, acrescentou o Papa.
Quando isso sucede – concluiu –, “ao descobrir nosso verdadeiro eu, descobrimos a vocação particular à qual Deus nos chama para a edificação de sua Igreja e a redenção de nosso mundo”.

LONDRES, sábado, 18 de setembro de 2010
Fonte: Zenit

sexta-feira, setembro 17, 2010

Bento XVI aos estudantes católicos britânicos

 

http://jornalocal.com.br/site/wp-content/uploads/cache/17188_NpAdvHover.jpg

 Não sejam medíocres, sejam santos

“Todos querem a felicidade, mas muita gente nunca a encontra”

“Espero que entre os que me escutam hoje esteja algum dos futuros santos do século XXI”, disse o Papa Bento XVI nesta sexta-feira para cerca de 4 mil estudantes católicos britânicos.

“Quando os convido a ser santos, peço que não se conformem em ser de segunda linha” – afirmou –, mas que aspirem a um “horizonte maior”. “Não se conformem em ser medíocres”.
Acompanhado do bispo de Nottingham e presidente da Comissão Episcopal de Ensino, Dom Malcolm P. McMahon, o Papa falou aos estudantes no campo desportivo do St Mary’s University College. Uma conexão o ligava a todas as escolas católicas britânicas.
“Não é frequente que um Papa ou outra pessoa tenha a possibilidade de falar de uma vez só aos alunos de todas as escolas católicas da Inglaterra, País de Gales e Escócia”, começou seu discurso. “Como tenho esta oportunidade, há algo que desejo enormemente lhes dizer”. Foi então que o Papa afirmou esperar que entre os que o ouviam estivesse “algum dos futuros santos do século XXI”.
“O que Deus deseja mais de cada um de vós é que sejam santos. Ele os ama muito mais do que jamais poderiam imaginar e quer o melhor para vocês. E, sem dúvida, o melhor para vocês é que cresçam em santidade”, disse.
“Talvez algum de vocês nunca antes tenha pensado nisso” – admitiu –, convidando-lhes a se perguntar “que tipo de pessoa” gostariam de ser de verdade.
“Ter dinheiro possibilita ser generoso e fazer o bem no mundo, mas, por si mesmo, não é suficiente para fazer feliz. Estar altamente qualificado em determinada atividade ou profissão é bom, mas isso não os preencherá de satisfação, a menos que aspirem a algo maior. Chegar à fama não faz feliz”.
“A felicidade é algo que todos querem, mas uma das maiores tragédias deste mundo é que muita gente jamais a encontra, porque busca a felicidade nos lugares errados”, afirmou Bento XVI.
Por isso – recordou –, “a verdadeira felicidade encontra-se em Deus. Precisamos ter o valor de pôr nossas esperanças mais profundas somente em Deus, não no dinheiro, na carreira, no êxito mundano ou em nossas relações pessoais, mas em Deus. Só Ele pode satisfazer as necessidades mais profundas de nosso coração”.
O Papa convidou os jovens a serem “amigos de Deus”. “Quando se começa a ser amigo de Deus, tudo na vida começa a mudar. À medida que o conhecem melhor, percebem o desejo de refletir algo de sua infinita bondade em sua própria vida”.
“Quando tudo isso começa a acontecer, vocês estão no caminho da santidade”, afirmou o Papa.
Neste sentido, convidou-os a ser “não só bons estudantes, mas bons cidadãos, boas pessoas”.
“Não se contentem em ser medíocres. O mundo necessita de bons cientistas, mas uma perspectiva científica torna-se perigosa se ignora a dimensão religiosa e ética da vida, da mesma maneira que a religião se converte em limitada se rejeita a legítima contribuição da ciência em nossa compreensão do mundo”.
“Precisamos de bons historiadores, filósofos e economistas, mas se sua contribuição para a vida humana, dentro de seu âmbito particular, enfoca-se de modo demasiado reduzido, pode nos levar por mau caminho”, explicou o Papa.
O pontífice também se dirigiu aos alunos não católicos que estudam nas escolas católicas, convidando-os a “se sentir movidos à prática da virtude” e a crescer “no conhecimento e na amizade com Deus junto de vossos companheiros católicos”.
“Vocês são para eles um sinal que recorda esse horizonte maior que está fora da escola, e, de fato, é bom que o respeito e a amizade entre membros de diferentes tradições religiosas forme parte das virtudes que se aprendem em uma escola católica”, concluiu.

LONDRES, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Fonte: Zenite

 

 

quarta-feira, setembro 15, 2010

Papa confia doentes a Nossa Senhora das Dores


Ficheiro:Aleijadinho - Nossa Senhora das Dores-1.jpg

 Nossa Senhora das Dores também chamada Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário ou ainda Nossa Senhora do Pranto, e invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens, ou Mater Dolorosa

No final da audiência geral de hoje, o Papa quis confiar os doentes, jovens e recém-casados a Nossa Senhora das Dores, recordando a memória litúrgica que a Igreja celebra hoje.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN1ruHZ35ycKZGHRPg4YhPlyEHo12dsuRB3yBJwkTVTnbGzBCS6C8hYGsP6uN_5bcc__GqPfluVDWz_t_56IJlqKTskQFo0jMPOArG0fNz40QFvY4HXHyrjz4j8ls9zPtG-B8PoLK-rBpE/s400/Piet%C3%A0.jpgA Beata Virgem Maria das Dores "permaneceu com fé junto à cruz do seu Filho", afirmou o Papa. Por isso, o Pontífice se dirigiu aos doentes, desejando-lhe que possam "encontrar em Maria consolo e apoio para aprender do Senhor Crucificado o valor salvífico do sofrimento".
Também se dirigiu aos jovens, exortando-os a "não ter medo de permanecer, também vós, junto à cruz, como Maria".
"O Senhor vos infundirá valor para superar todo obstáculo em vossa existência cotidiana", garantiu-lhes.
Por último, dirigiu-se aos recém-casados, a quem incentivou a "abrir-se com confiança a Nossa Senhora das Dores, nos momentos de dificuldade, pois Ela vos ajudará a enfrentá-los com sua intercessão maternal".

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Fonte: Zenit

 

segunda-feira, setembro 13, 2010

  Exaltação da Santa Cruz

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHzg3kkasO9TTW91CoTJ5fXx7cQzdjvUFodiQWBhFNC39KhvEcE7SJgHcc_HJJEibZ_Y4Z9hm-ky8qqEbRaG50BaCd7FxGw_LdZeTcb-9S0tx0TcHkJiyK61UxnF4KH7Zc6KRcaWW3RYY/s400/Crucifix%C3%A3o+1.bmp

A Festa da Exaltação da Santa Cruz, que celebramos hoje, 14 de setembro, é a Festa da Exaltação do Cristo vencedor. Para nós cristãos, a cruz é o maior símbolo de nossa fé, cujos traços nós nos persignamos desde o início do dia, quando levantamos, até o fim da noite ao deitarmos. Quando somos apresentados à comunidade cristã, na cerimônia batismal, o primeiro sinal de acolhida é o sinal da cruz traçado em nossa fronte pelo padre, pais e padrinhos, sinalando-nos para sempre com Cristo.

A Cruz recorda o Cristo crucificado, o seu sacrifício, o seu martírio que nos trouxe a salvação. Assim sendo, a Igreja há muito tempo passou a celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive como símbolo da árvore da vida que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, quando a serpente do paraíso trouxe a morte, a infelicidade a este mundo, incitando os pais a provarem o fruto da árvore proibida. (Gn 3,17-19)

No deserto, a serpente também provocou a morte dos filhos de Israel, que reclamavam contra Deus e contra Moisés (Nm 21,4-6). Arrependendo-se do seu pecado, o povo pediu a Moisés que intercedesse junto ao Senhor para livrá-los das serpentes. Assim, o Senhor, com sua bondade infinita, ordenou a Moisés que erguesse no centro do acampamento um poste de madeira com uma serpente de bronze pendurada no alto, dizendo que todo aquele que dirigisse seu olhar para a serpente de bronze se curaria. (Nm 21,8-9)

Esses símbolos do passado, muito conhecidos pelo povo (serpente, árvore, pecado, morte), nos dizem que na Festa da Exaltação da Santa Cruz, no lugar da serpente de bronze pendurado no alto de um poste de madeira, encontramos o próprio Jesus levantado no lenho da Cruz. Se o pecado e a morte tiveram sua entrada neste mundo através do demônio (serpente do paraíso) e do deserto, a bênção, a salvação e a vida eterna vêm do Cristo levantado no alto da Cruz, de onde Ele atrai para si os olhares de toda a humanidade. Assim, a Igreja canta na Liturgia Eucarística de Festa: “Santa Cruz adorável, de onde a vida brotou, nós, por Ti redimidos, te cantamos louvor!”

A Cruz não é uma divindade, um ídolo feito de madeira, barro ou bronze, mas sim, santa e sagrada, onde pendeu o Salvador do mundo. Traçando o sinal da cruz em nossa fronte, a todo o momento nós louvamos e bendizemos a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, agradecendo o tão grande bem e amor que, pela CRUZ, o Senhor continua a derramar sobre nós.

O Que é o Pálio?




Desenvolvimento e forma

http://www.regiaosantana.org.br/site/images/diversos/noticias-62On6TIg5D43atlt24E9qpIUvNs81t2T.jpgNão se pode determinar o período em que o pálio foi introduzido. De acordo com o liber pontificalis, já estava em uso em Roma na pouco antes da metade do séc. IV, pois lá se diz que o papa Marcos († 336) presenteou com o pálio o bispo de Óstia, consagrador do papa. Por mais fidedigna que seja esta informação, em todo caso o pálio deve ter sido usado em Roma pelo menos desde antes do séc. VI, senão o autor do liber pontificalis, que viveu no início do séc. VI, não teria podido se referir à sua concessão ao bispo de Óstia por parte de um papa da primeira metade do séc. IV. Mas também concessões mais seguramente atestadas, por exemplo, a São Cesário de Arles, em 513, pelo papa Símaco, provam que o pálio entrou em uso em Roma pelo menos no decurso do séc. V.
No ocidente, sempre, apenas o papa tem tido direito próprio de vestir o pálio; todos os outros bispos sempre foram apenas autorizados a usá-lo por uma concessão especial dada por ele. Alguns exemplos de concessões do pálio são já encontrados no séc. VI, especialmente no pontificado de Gregório Magno. Foram, sobretudo, os vigários papais e os metropolitas achados dignos da honra do pálio, mas provavelmente simples bispos também, sufragâneos do metropolita de Roma, bem como bispos que não pertenciam àquela circunscrição, entre os quais o primeiro a obter o pálio foi Siágrio de Autun, das mãos de Gregório Magno. O pálio certamente não terá já se tornado um ornamento geral dos arcebispos por volta do séc. VI, mas provavelmente nem mesmo no séc. VIII. Em todo caso, como podemos ver nas correspondências entre São Bonifácio e o papa Zacarias, durante a época em que viveram não havia obrigação para os metropolitas de pedirem o pálio em Roma. Tal obrigação se pode ver apenas na segunda metade do séc. IX e deve ter entrado em prática aproximadamente entre os anos 750 e 850. Sua introdução teve como propósito uma mais profunda conexão entre os metropolitas e a Sé de Pedro, o centro de unidade da vida eclesial, a eliminação dos esforços de auto-engrandecimento de alguns metropolitas daquele tempo e uma nova consolidação da estrutura de metropolitas, que havia entrado em dissolução e decadência. (...)
Muito interessante é a história do desenvolvimento original do pálio. Tendo sido, sem dúvida, originalmente uma veste dobrada em si mesma na forma de uma faixa, de acordo com todas as evidências já estava em uso no séc. VII, e já no séc. VI como uma mera faixa branca. Era colocado ao redor dos ombros, pescoço e peito de tal maneira que uma extremidade descesse pela frente do ombro esquerdo e a outra por trás. Alfinetes para fixar o pálio não foram usados inicialmente, e provavelmente entraram em uso no séc. VIII, provavelmente conforme uma nova maneira de se colocar o pálio: deixando as duas extremidades caírem pelo meio do peito e das costas, ao invés de pelo ombro esquerdo, como até então; uma inovação que certamente exigiu o uso de alfinetes. A mudança não foi tão significativa, mas foi o primeiro passo para a última mudança completa na remodelagem do pálio. O próximo passo consistiu em dar permanentemente ao pálio, através de uma nova costura das partes unidas, a forma que até então só tinha quando vestido [da última maneira descrita]. Quando isso ocorreu não se pode determinar com exatidão, mas em todo caso logo após o primeiro passo, e tão cedo também fora de Roma, onde o pálio ainda no séc. IX obteve uma forma fixa. O terceiro e ultimo passo foi dar ao pálio a forma de um anel (círculo), com uma tira pendente na frente e atrás. A metade da esquerda era feita, em memória do uso original, de uma camada dupla de tecido. Assim colocado, o pálio, na forma de T, em oposição ao anterior, na forma de Y, agora desce sobre os braços e não sobre os ombros. O pálio moderno agora estava essencialmente completo, sendo apenas necessário diminuir suas medidas. Esta diminuição teve início aproximadamente no séc XIV, mas se acentuou mais desde o fim do séc. XV, até finalmente chegar, no decurso do séc. XVII às dimensões de hoje, sendo que uma posterior diminuição não seria mais possível. Uma visão geral desta transformação do pálio pode ser vista nesta imagem:



Quanto ao material do pálio, desde tempos imemoriais tem sido feito de lã branca, mas mesmo no séc. X outros materiais não eram por si inadmissíveis, como se deduz de uma bula do papa João XV ao Arcebispo Liavizo de Hamburgo.

Como ornamentos do pálio apenas cruzes têm sido empregadas. No início apenas duas eram usadas, uma na extremidade da frente e outra na de trás. Um número maior só parece ter se tornado comum durante o séc. IX, sendo que não existiu nenhum preceito determinado quanto a isso em toda a idade média. O pálio do Arcebispo Klemens August de Colônia († 1761) ainda mostrava oito cruzes, não seis como atualmente.

Quanto à cor, nos monumentos mais antigos as cruzes eram normalmente pretas, sendo que aparecem vermelhas também. A maioria dos liturgistas medievais descrevem as cruzes como vermelhas. Nos poucos pálios que foram preservados da idade média, as cruzes são pretas na sua maioria e azul escuro; são vermelhas no fragmento de um pálio do séc. XV, do museu da catedral de Trier. Das oito cruzes do pálio do Arcebispo Klemens August, duas eram pretas e as outras vermelhas. Em resumo, em relação à cor das cruzes, até os tempos mais recentes não havia nenhuma regra fixa, apenas que seriam pretas (ou azul escuro) ou vermelhas, mas não de outra cor.
[...]
Os alfinetes, com que se fixa o pálio desde o séc. VIII, permaneceram mesmo quando o pálio recebeu uma forma fixa, talvez inicialmente ainda para afixar o pálio à casula. Depois, pelo menos até 1300, eram apenas mera decoração, razão pela qual atualmente há presilhas ou nós junto às cruzes para receber os alfinetes.
[...]
Quanto aos dias de uso, o pálio usado pelos arcebispos e [alguns] bispos é restrito. É apenas em certas festas solenes citadas no Pontificale e em ocasiões muito especiais, como as Sagradas Ordenações e a bênção de abades e religiosas, em que devem usar esta vestimenta, a não ser que lhes tenha sido concedido algum privilégio especial.


Significado

Bem cedo no séc. VI o pálio foi considerado uma veste litúrgica, a ser usada apenas na igreja e, de fato, somente durante a Missa, a menos que um privilégio especial determinasse algo mais. Isto se prova pela correspondência entre Gregório Magno e João de Ravena sobre o uso do pálio. As normas que regulavam o uso original do pálio não podem ser determinadas com segurança, mas seu uso, mesmo antes do séc. VI, parece ter um caráter definitivamente litúrgico. Desde tempos antigos algumas restrições mais ou menos limitaram o uso do pálio a certos dias. Seu uso indiscriminado, permitido a Hincmar de Reims, por Leão IV (851), e a Bruno de Colônia, por Agapito II (954), era contrário ao costume geral. Nos séc. X e XI, como hoje, a regra geral era limitar o uso do pálio a poucas festas e a outras ocasiões extraordinárias. O caráter simbólico ligado ao pálio data do tempo em que se tornou obrigação para os metropolitas a petição da permissão à Santa Sé para usá-lo. A evolução deste caráter se concluiu por volta do fim do séc. XI; desde então o pálio é sempre designado nas bulas papais como símbolo da plenitudo pontificalis officii. No séc. VI o pálio era símbolo do ofício e da potestade papal, e por essa razão o papa Félix transmitiu seu pálio ao seu arquidiácono, quando, contrário ao costume, ele o nomeou seu sucessor. Por outro lado, quando usado pelos metropolitas, o pálio originalmente significou simplesmente a união com a Sé Apostólica, e foi símbolo das virtudes que devem adornar a vida daquele que o veste.

Origem

Há muitas e diferentes opiniões sobre a origem do pálio. Alguns o ligam a uma investidura por parte de Constantino Magno (ou um de seus sucessores); outros o consideram uma imitação do efod dos hebreus, paramento umeral do sumo sacerdote. Outros também declaram que sua origem se liga a um manto de São Pedro, que era símbolo de seu ofício de supremo pastor. Uma quarta hipótese encontra sua origem no manto litúrgico que, afirmam, era usado pelos primeiros papas, e que no passar do tempo foi dobrado na forma de uma faixa; uma quinta diz que sua origem data do costume de dobrar o manto comum - pallium, uma veste exterior em uso nos tempos imperiais; uma sexta declara que foi introduzido imediatamente como um adorno litúrgico do papa, o qual, porém, não era inicialmente uma faixa estreita de pano, mas, como o nome sugere, uma veste larga, longa e dobrada. (…) Dar sua origem a uma investidura do imperador, ao efod do sumo sacerdote judeu ou a um lendário manto de São Pedro é completamente inadmissível. A visão correta deve ser a de que o pálio foi introduzido como insígnia litúrgica do papa, e não parece improvável que tenha sido adotado como um similar de sua contraparte, o omofórion pontifical, ainda em uso na Igreja Oriental.

Festa da Natividade da Virgem Maria Mãe e Mestra da Igreja

imageO mais antigo documento comemorando esta festa vem do séc. VI. São Romano, o grande lirista eclesiástico da Igreja Grega, compôs um hino (Card. Pitra, "Hymnographia Græca", Paris, 1876, 199) o qual é uma redação poética do Evangelho Apócrifo de São Tiago. São Romano era natural de Emesa, na Síria, diácono de Berytus e depois na igreja Blachernæ em Constantinopla, e compôs seu hino entre 536~556 (P. Maas em "Byzant. Zeitschrift", 1906). A festa deve ter se originado na Síriaou na Palestina no começo do séc. VI, quando depois do Concílio de Éfeso, sob influência dos "Apócrifos", o culto da Mãe de Deus se intensificou grandemente, especialmente na Síria. Santo André de Creta, no começo do séc. VIII, pregou vários sermões sobre esta festa (Lucius-Anrich, "Anfäge des Heiligenkultus", Tübingen, 1906, 468). Procura-se evidências para mostrar por que o dia 8 de setembro foi escolhido para esta data. A Igreja de Roma adotou-a do Oriente no séc. VII. É encontrada nos Sacramentários Gelasiano (séc. VII) e Gregoriano (séc. VIII a IX). Sérgio I (687~701) prescreveu uma ladainha e uma procissão para esta festa (P.L. cxxviii, 897 ss.). Desde que a história da Natividade de Maria é conhecida apenas de fontes apócrifas, a Igreja Latina foi lenta em aceitar a festa oriental. Ela não aparece em vários calendários que contém a Assunção, por exemplo o Goto-galicano, o de Luxeuil, o Calendário Toledano do séc. X e o Calendário Mozarábico. A Igreja de Angers, na França, clama que São Maurílio instituiu esta festa em Angers por causa de uma revelação, por volta de 430. Na noite de 8 de setembro, um homem ouviu anjos cantando no céu e, perguntando a razão, contaram-lhe que se alegravam porque a Virgem tinha nascido naquela noite (La fête angevine N.D. de France, IV, Paris, 1864, 188); mas esta tradição não está substanciada por provas históricas. A festa é encontrada no calendário de Sonnatius, Bispo de Reims, 614~631 (Kellner, Heortologia, 21). Ainda assim não se pode dizer que tenha sido celebrada, de modo geral, nos séc. VIII e IX. São Fulberto, Bispo de Chartres (+1028), fala dela como de uma instituição recente (P. L., cxli, 320, ss.); os três sermões que ele escreveu são os mais antigos sermões latinos genuínos sobre esta festividade (Kellner, "Heortologia", Londres, 1908, 230). A oitava foi instituída por Inocêncio IV (1243) em concordância com um voto feito pelos cardeais no conclave do outono de 1241, quando foram mantidos prisioneiros por Frederico II por três meses. Na Igreja Grega a apodosis (solução) da festa tem lugar a 12 de setembro, em conta da festa e da solenidade da Exaltação da Cruz, a 13 e 14 de setembro. Os coptas, no Egito, e os abissínios celebram a Natividade de Maria a 1º de maio, e continuam esta festa sob o nome de "Semente de Jacó" por 33 dias (Anal. Juris Pont., xxi, 403); ele também a comemoram no dia primeiro de cada mês (priv. letter from P. Baeteman, C.M., Alikiena). Os coptas católicos adotaram a festa grega, mas a guardam a 10 de setembro (Nilles, "Kal. Man.", II, 696, 706).
Viva a Menina Maria!

quarta-feira, setembro 01, 2010

Cardeal lamenta perda da dimensão sobrenatural da virtude da obediência
 
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Dom Eugenio Sales assinala importância da fidelidade e lealdade à própria vocação

RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 1º de setembro de 2010 - ( O cardeal Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, afirma que, “em certos meios eclesiásticos, causa estranheza perceber restrições veladas às diretrizes do Santo Padre”.
Em artigo divulgado no dia 26 pela arquidiocese do Rio, Dom Eugenio lamenta a perda da dimensão sobrenatural da virtude da obediência, em espírito verdadeiramente evangélico.
Segundo Dom Eugenio Sales, a virtude da obediência “é parte integrante na vida do cristão. Este, iluminado pela Fé, vê no Sucessor de Pedro e em seu próprio Bispo não apenas o homem, mas o próprio Cristo que eles representam”.
“Essa atitude tem sua tradução teológica na ideia de ‘communio’, comunhão que une todos os discípulos de Jesus, pela adesão à Igreja. Ela está sob o pastoreio do Colégio Apostólico, cuja cabeça é Pedro, dos Bispos com e sob o Papa, para usar a expressão conciliar.”

Segundo o cardeal, esta dimensão sobrenatural da obediência transcende a simples dimensão humana.
“Por isso, quando tomo conhecimento de comentários desairosos ou apreciações restritivas a quem serve o Papa, no cumprimento da missão que lhe foi confiada pelo Senhor, fico a pensar se ainda há espírito de Fé em tais pessoas”, afirma.
O arcebispo emérito do Rio assinala ainda o avanço do relativismo, “que se insinua sempre mais fortemente em meios eclesiásticos, entre sacerdotes e na vida religiosa”. “A obediência, há quem o afirme, deve primeiro passar pelo crivo da própria opinião, do discernimento pessoal. O critério não é mais a verdade objetiva, é o meu próprio eu.”

“Tal mentalidade errônea, fortalecida pela omissão dos que se recolhem para evitar atritos, provoca não apenas uma falta de submissão ao Magistério, mas uma resistência aos legítimos Pastores, para espanto dos leigos fiéis. Os exemplos estão aí, bem como seus frutos de rebeldia insana que escandaliza os bons, afasta os débeis e dificulta a difusão do Evangelho.”

Dom Eugenio Sales considera que “é tempo de recuperarmos a virtude da obediência. É preciso voltar a ouvir, no íntimo da nossa consciência, a voz de Cristo: ‘Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, é a mim que despreza’ (Lc 10, 16)”.

Segundo o cardeal Sales, “a principal preocupação de todo o cristão há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor”.
O arcebispo emérito cita palavras de Bento XVI em sua recente viagem a Portugal: ‘Se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial’”.

Fonte ZENIT

segunda-feira, agosto 23, 2010

Madre Teresa de Calcutá no centenário do seu nascimento



No dia 26 de Agosto assinalam-se os 100 anos do nascimento de Madre Teresa de Calcutá. Uma ocasião para relembrar a vida e a obra desta santa missionária, beatificada por João Paulo II em 2003.
Na Índia, “pátria adoptiva” da missionária, que ali exerceu grande parte do seu trabalho, os festejos começaram dia 17, com uma vigília geral de oração, para todas as paróquias de Calcutá.
Esta cidade, sede da Casa Mãe das Missionárias da Caridade, congregação fundada por Madre Teresa, prevê abrir oficialmente as comemorações no dia 26, com uma celebração eucarística presidida por D. Telesphore Toppo, arcebispo de Ranchi.
Para honrar a “missionária do século XX”, estão previstos um conjunto de programas no território indiano, desde simpósios, espectáculos de dança e teatro, organizados pela Conferência Episcopal da Índia, com a colaboração da UNESCO.
O presidente indiano, Pratibha Patil, vai proclamar a data de nascimento de Madre Teresa, como “Dia de Jornada Nacional pelos Órfãos”, reconhecendo assim o trabalho da Beata, em favor das crianças vítimas de abandono e solidão, no país.

Um pouco por todo o mundo, são muitas as iniciativas preparadas para comemorar este centenário, em especial nas republicas da antiga Jugoslávia, que têm uma ligação muito forte com aquela figura histórica da Igreja.
Na República da Macedónia, terra natal de Madre Teresa, os festejos vão durar até ao final deste ano. No dia 26 vai decorrer uma sessão de homenagem em Skopje, levada a cabo pelo parlamento macedónio, após a qual será apresentado o prémio nacional “Madre Teresa”.
Na Sérvia, a data será assinala com uma missa solene na Catedral do Sagrado Coração, presidida por D. Stanislav Hocevar, arcebispo de Belgrado. A ocasião servirá para inaugurar uma exposição de fotografia, da autoria do croata Zvonimir Atietic, na Casa Memorial “Madre Teresa”.
Filha de pais albaneses, a missionária vai ser honrada com uma peregrinação nacional até à Catedral de Vau-Dejes, na Albânia, seguida de uma eucaristia presidida por D. Rrok Kola Mirdita, arcebispo de Durres-Tirana.
Por sua vez, o Kosovo decidiu proclamar 2010 como o “Ano de Madre Teresa”, e vai celebrar no dia 5 de Setembro uma festa litúrgica, dedicando a Madre Teresa uma igreja-santuário em Pristina.
Em Roma, o Cardeal Angelo Comastri, vigário geral do Papa para a Cidade do Vaticano, vai presidir a uma missa na Basílica de São Lourenço, no dia 26. Nela irá participar a congregação das Missionárias da Caridade, que se encontram presentes na capital italiana.
Em outras cidades da Europa irão decorrer várias vigílias de oração e celebrações eucarísticas, como por exemplo em Madrid, Copenhaga e Mónaco.

Fonte: Rádio vaticano

domingo, agosto 15, 2010

Assunção de Maria


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"Neste dia 15 de agosto celebramos a festa da Assunção de Maria.
(...)
Juntamente com essa Solenidade, neste ano coincidente com o domingo, para onde sempre é transferida, o mês vocacional recorda-nos a vocação à vida religiosa, à vida consagrada. Essa vida é um sinal atual daquilo que a Assunção de Maria nos indica como as últimas verdades da vida humana: todos somos destinados à santidade e à contemplação de Deus na visão beatífica.

Foi necessária, a 1º de novembro de 1950, a Igreja, através do Papa Pio XII, proclamar essa convicção que já vinha sendo confessada pelo povo de Deus desde os inícios do cristianismo – é o dogma da assunção de Maria ao céu em corpo e alma. Na Igreja Oriental já era celebrada a chamada Festa da Dormição de Maria, ela que, isenta do pecado, entregou-se definitivamente ao Pai ao final de sua vida terrestre.
É uma feliz oportunidade nestes tempos de tantas confusões com relação à antropologia para ressaltar a integridade e a dignidade do corpo humano, corpo este que é um constitutivo da própria personalidade do homem. Pensemos nas atrocidades que são noticiadas a cada dia contra o corpo e reflitamos mais além: aquelas outras que não aparecem nas páginas dos jornais e nem nas telas da televisão! Perdemos o respeito pelo ser humano! Acredito que esta oportunidade será uma ótima ocasião para que, diante da Assunção de Maria, retomar as reflexões importantíssimas sobre este assunto.

A Assunção de Maria é a negação de toda forma de indignidade do indivíduo, uma resposta brilhante e salutar ao ser humano. É uma oportunidade, portanto, para meditarmos sobre o verdadeiro significado e valor da vida humana. Somente com a fé é que temos esperança de um mundo melhor, um “novo céu, e uma nova terra”.
Maria é o sinal para todos nós, Igreja, daquilo que somos chamados a viver. Por isso, esta solenidade também nos recoloca a reflexão sobre o nosso fim último. Não nos coloquemos à margem desta Assunção Mariana, mas que ela seja um princípio de nossa própria ressurreição, quando nos encontraremos em felicidade plena junto a Deus, tal como Maria está no tempo hodierno. Na sua Glória, ela é um de nós: corpo e alma.

Além disso, no pensamento sobre a vida futura que teremos junto a Deus, toda a vaidade, todo o egoísmo fica para trás e torna-se efêmero, inútil. A festa da Assunção desprende-nos do transitório, do descartável, e reporta-nos para a segurança definitiva que somente teremos em Deus.
Não é uma alienação da realidade, ao contrário: conhecendo para onde vamos, somos chamados a viver ainda melhor o nosso dia a dia. Tudo o mais, inclusive a nossa existência, deverá, então, estar em função desse fim último: Deus. Assim, tudo o que vivermos já aqui será uma graça para a nossa vida, pois disputaremos a labuta cotidiana com o pensamento no transcendente, e, portanto, santificando principalmente os nossos afazeres e o nosso contato com os irmãos.

É também nesse sentido que a vida religiosa e consagrada pode nos ajudar a vivenciar esses valores do Reino com intensa caridade e disponibilidade: sinais escatológicos!
Assim, nesta festa mariana somos chamados a viver na confiança para além da morte, para além do sofrimento, para além da tristeza e a participar na felicidade do céu, quando Deus realizará tudo em todos.
Nossa Senhora da Assunção, da Glória, não está longe de nós, ao contrário, continua próxima de seus filhos, aos quais ouve e convida a ouvir o Seu Filho Jesus. Sob seu abrigo maternal está o seu coração de mãe, que ainda bate e sofre conosco.
E assim, com ela podemos meditar como São Paulo: “Nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem os principados, o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura poderá nos separar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8,38-39)"

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.


Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro



sábado, agosto 14, 2010

Centralidade de Cristo Crucificado na celebração litúrgica

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"Hão-de olhar para Aquele que trespassaram". 
Por Mauro Gagliardi
Consultor do Instituto de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice

Neste tempo da Quaresma, não há como não pensar que o grande mistério do sagrado Tríduo, ao fim destes quarenta dias, nos fará meditar e viver novamente, no hoje da liturgia, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Um auxílio neste caminho de conversão está na meditação da centralidade da Cruz no culto e, consequentemente, na vida dos Cristãos. As leituras bíblicas da Missa da Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro) apresentam, entre outras coisas, o tema do olhar. Os Israelitas devem olhar para a serpente de bronze erguida num poste para serem curados do veneno das serpentes (cf. Nm 21,4-9). Jesus, no Evangelho desta celebração litúrgica, diz que ele deve ser levantado da terra como a serpente mosaica, para que todos os que nele crerem não pereçam, mas tenham a vida eterna (cf. Jo 3,13-17). Os Israelitas olharam para a serpente de bronze, mas tiveram que fazer uma to de fé no Deus que cura. Para os discípulos de Jesus, entretanto, há uma perfeita convergência entre “olhar para” e acreditar: a fim de obter a salvação, deve-se acreditar naquele para quem olha: o crucificado e Ressuscitado, e viver de um modo consistente com esta visão fundamental.

Esta é a intuição fundamental do uso litúrgico tradicional, de acordo com o qual o ministro sagrado e os fiéis estão juntos voltados para o crucificado. Na época em que a celebração de frente para o povo veio a ser usada, surgiu o problema da posição do sacerdote ao altar, porque agora ele estava dando as costas para o tabernáculo e o crucifixo. Inicialmente, restaurou-se em vários lugares o tabernáculo em forma de caixa colocado sobre o altar separado da parede: desta forma o tabernáculo ficou entre o sacerdote e os fiéis, de modo que, ainda que uns e outros se olhassem, o ministro sagrado e os fiéis poderiam olhar para o Senhor durante a Liturgia Eucarística. Esta solução provisória, todavia, foi logo substituída, principalmente com base na convicção de que esta disposição do tabernáculo gerou um conflito de presenças: não se poderia manter o Santíssimo Sacramento no altar da celebração, porque poria em contradição as diferentes formas da presença de Cristo na liturgia. Enfim, isto se resolveu pelo deslocamento do tabernáculo para uma capela lateral. Havia ainda o crucifixo, para o qual o celebrante continuava dando as costas, já que, como regra, ele permanecera ainda no centro. Isto foi resolvido ainda mais facilmente, provendo que ele fosse agora colocado num lado do altar. Assim, com certeza, o ministro não mais lhe dava as costas, mas a imagem do Senhor crucificado perdeu sua centralidade e, em todo caso, o problema não foi resolvido, consistindo no fato de que o sacerdote ainda não podia “olhar para o Crucificado” durante a liturgia.

[31625548se0.jpg]As normas litúrgicas, estabelecidas para a corrente Forma Ordinária do Rito Romano, permitem colocar o crucifixo e o tabernáculo em posições separadas, entretanto isto impede uma discussão continuada sobre a maior conveniência de sua colocação no centro, como deve ser para o altar. Isso é verdade de modo especial para a imagem do Crucificado. A Instrução "Eucharisticum mysterium", de fato, afirma que “em razão do sinal” (ratione signi, n. 55), é melhor que sobre o altar em que a Missa é celebrada não seja posto o tabernáculo, porque a presença real do Senhor é fruto da consagração e deveria ser vista como tal. Isto não exclui que o tabernáculo como regra permaneça no centro do edifício litúrgico, especialmente onde há a presença de um altar antigo, que esteja agora atrás do novo altar (ver n. 54, no qual entre outras coisas se fala da licitude da colocação do tabernáculo no altar voltado para o povo). Ainda que esta seja uma questão complexa e venha a requerer uma mais profunda reflexão, alguém provavelmente pode reconhecer que mover o tabernáculo do altar da celebração versus populum (ou seja, o altar novo) tem alguns argumentos mais em seu favor, uma vez que não se baseia apenas no conflito das presenças, mas no princípio da verdade dos sinais litúrgicos. Mas não se pode dizer o mesmo do crucifixo. Se a centralidade do crucifixo é eliminada, pode resultar que o entendimento comum do significado da liturgia corra o risco de ser distorcido.

É óbvio que o “olhar para” não pode ser reduzido a um mero gesto exterior, feito com a simples direção dos olhos. Diferentemente, é principalmente uma atitude do coração, que pode e deve ser mantida seja qual for a orientação assumida pelo corpo de quem reza e seja qual for a direção a que se olhe durante a oração. Todavia, no Cânon Romano, também no Missal de Paulo VI, há a rubrica que requer que o sacerdote eleve os olhos para o céu logo antes de pronunciar as palavras da consagração sobre o pão. A orientação do espírito é mais importante, mas a expressão corporal acompanha e confirma o movimento interior. Se é verdade, então, que olhar para o Crucificado é um ato do espírito, um ato de fé e adoração, todavia é verdade que o olhar para a imagem do Crucificado durante a liturgia, ajuda e confirma muito mais o movimento do coração. Nós temos necessidade dos sinais sagrados e dos gestos, os quais, não sendo substitutos, favorecem o movimento do coração que anseia por santificação: isto também significa agir liturgicamente ratione signi (em razão do sinal). A sacralidade do gesto e a santificação de quem reza não são elementos opostos entre si, mas aspectos de uma realidade única.

Se, portanto, o uso da celebração versus populum tem certos aspectos positivos, deve-se, todavia, reconhecer também as suas limitações: em particular o risco de criar um círculo fechado entre o ministro e os fiéis, que relega a segundo plano logo Aquele para quem todos devem olhar com fé durante o culto litúrgico. É possível ir contra os riscos fazendo voltar à oração liturgia a sua orientação, particularmente quanto à Liturgia Eucarística. Enquanto a Liturgia da Palavra tem sua forma mais apropriada com o sacerdote voltado para o povo, parece pastoral e teologicamente mais apropriado usar a opção – reconhecida pelo missal de Paulo VI em suas várias edições – de continuar a celebrar a Eucaristia voltado para o Crucificado. Isto pode ser feito, na prática, de vários modos, inclusive colocando a imagem do Crucificado no centro do altar da celebração versus populum, de modo que todos, sacerdote e fiéis, possam olhar para o Senhor durante a celebração de seu Santo Sacrifício. No prefácio para o primeiro volume de seu Gesammelte Schriften [opera omnia], Bento XVI disse que estava contente por estar ganhando mais e mais espaço uma proposta que ele fez em seu livro Introdução ao espírito da Liturgia. Isto, como o Papa escreveu, consiste em sugerir “que não se proceda com novas transformações, mas simplesmente colocando a cruz no centro do altar, para a qual sacerdote e fiéis possam olhar juntos, para serem guiados neste caminho para o Senhor, a quem todos nós rezamos juntos”.

(© L'Osservatore Romano - 10/09 Março de 2009)

 

sexta-feira, agosto 13, 2010

Santa Madalena Sofia Barat


Nasceu - 12 dezembro de 1779 em Joigny, França


Morreu -
25 de maio de 1865 em Paris

Canonizada -
24 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI

Festa Dia
25 de maio

Fundou a
Sociedade do Sagrado Coração

Imagem de
Quattrini por Enrico, 1934

Localização na basílica de São Pedro





Bento XVI aos coroinhas: não entrem na igreja para uma celebração com superficialidade, mas preparem-se interiormente para a Santa Missa!



Catequese do Papa: São Tarcísio, hóstia imaculada ofertada a Deus

Intervenção na audiência geral desta quarta-feira, centrada nos acólitos


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de agosto de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos o discurso de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, na Praça de São Pedro, em que, na presença de milhares de peregrinos, o Papa falou sobre São Tarcísio e o acolitado.

Caros irmãos e irmãs,

gostaria de expressar minha alegria por estar hoje aqui, entre vocês, nesta Praça, onde de forma festiva vocês se reuniram para esta audiência geral, que conta com a presença significativa da grande Peregrinação Europeia dos Acólitos! Queridos meninos, meninas e jovens, bem-vindos! Visto que a grande maioria dos acólitos presentes na Praça é de origem alemã, dirijo-me primeiramente a eles em minha língua materna.

Caros acólitos e amigos, queridos peregrinos de língua alemã, bem-vindos a Roma! Saúdo-os cordialmente. Junto de vocês, saúdo o cardeal secretário de Estado, Tarcísio Bertone, que se chama Tarcísio, como seu padroeiro. Vocês tiveram a gentileza de convidá-lo, e ele, que leva o nome de São Tarcísio, está feliz por estar aqui entre os acólitos do mundo e os acólitos alemães.

Saúdo os queridos irmãos no episcopado e no sacerdócio e os diáconos que quiseram participar nesta audiência. Agradeço de coração o bispo auxiliar da Basileia, Dom Martin Gächter, presidente do Coetus Internationalis Ministrantium, pelas palavras de saudação a mim dirigidas, pelo presente da estátua de São Tarcísio e o foulard que me deu. Tudo isso me faz lembrar do tempo em que também eu era coroinha. Agradeço-o, em nome de vocês, também pelo grande trabalho que realiza em seu meio, juntamente com os colaboradores e aqueles que possibilitaram este alegre encontro. Meu agradecimento vai também para os promotores suíços e para todos que trabalharam de diferentes modos para construir a estátua de São Tarcísio.

Vocês são numerosos! Já ao sobrevoar a Praça de São Pedro em helicóptero eu vi todas as cores e a alegria que está presente nesta Praça! Vocês não só criaram um ambiente festivo na Praça, mas tornaram ainda muito mais alegre o meu coração! Obrigado! A estátua de São Tarcísio chegou até nós depois de uma longa peregrinação. Em setembro de 2008, foi apresentada na Suíça, diante da presença de 8.000 acólitos: certamente alguns de vocês estavam presentes. Da Suíça passou por Luxemburgo e chegou à Hungria. Nós hoje a acolhemos com festa, felizes em poder conhecer melhor este personagem dos primeiros séculos da Igreja.

A estátua – como já disse Dom Gächter – será colocada nas Catacumbas de São Calisto, onde São Tarcísio foi sepultado. O meu desejo é que este lugar, ou seja, as catacumbas de São Calisto e essa estátua, torne-se uma referência para os acólitos e para aqueles que desejam seguir Jesus mais de perto através da vida sacerdotal, religiosa e missionária. Todos podem se encomendar a este jovem corajoso e forte e renovar o empenho de amizade com o Senhor também para aprender a viver sempre com Ele, seguindo o caminho que nos indica com a Sua Palavra e o testemunho de tantos santos e mártires, dos quais, através do Batismo, tornamo-nos irmãos e irmãs.

Quem foi São Tarcísio? Nós não temos muitas notícias. Estamos nos primeiros séculos da história da Igreja, mais precisamente no terceiro século; narra-se que foi um jovem que frequentava as Catacumbas de São Calisto, aqui em Roma, e era muito fiel aos seus compromissos cristãos. Amava muito a Eucaristia e, por vários fatores, podemos concluir que, provavelmente, era um acólito, um servidor do altar. Aqueles eram anos em que o imperador Valeriano perseguia duramente os cristãos, estes sendo forçados a se reunir secretamente em casas particulares ou, por vezes, até mesmo nas Catacumbas, para ouvir a Palavra de Deus, rezar e celebrar a Missa. Mesmo o costume de levar a Eucaristia aos doentes e prisioneiros tornava-se cada vez mais perigoso.

Um dia, quando o sacerdote perguntou, como de costume, quem estava disposto a levar a Eucaristia aos outros irmãos e irmãs que aguardavam, o jovem Tarcísio levantou-se e disse Tarcísio: "Envie-me". Aquele menino parecia demasiado jovem para um serviço tão exigente! "Minha juventude – disse Tarcísio – será o melhor refúgio para a Eucaristia". O sacerdote, convencido, confiou-lhe o Pão precioso, dizendo: "Tarcísio, lembre-se de que um tesouro celeste é confiado ao seu frágil cuidado. Evite as ruas movimentadas e não se esqueça de que as coisas santas não devem ser dadas aos cães e nem as pérolas aos porcos. Guardará com fidelidade e segurança os Sagrados Mistérios?".

"Morreria – diz Tarcísio – antes de cedê-los". Ao longo do caminho, ele encontrou alguns amigos na rua, que, aproximando-se, pediram-lhe que se unisse a eles. Diante de sua negativa, eles – que eram pagãos – o consideraram suspeito e insistente, e perceberam que portava alguma coisa junto ao peito, a qual parecia defender. Tentaram tomá-la, mas em vão; uma luta muito furiosa se deu, sobretudo quando vieram a descobrir que Tarcísio era cristão; eles o espancaram, atiraram pedras, mas ele não cedeu. Morrendo, foi levado ao sacerdote por um oficial pretoriano de nome Quadrato, que era cristão em segredo. Chegou sem vida, mas ainda segurando firme no peito um pequeno linho com a Eucaristia. Ele foi imediatamente sepultado nas Catacumbas de São Calisto.

O Papa Dâmaso I fez uma inscrição para a tumba de São Tarcísio, segundo a qual o jovem morreu no ano 257. O Martirológio Romano lhe fixa a data de 15 de agosto e no mesmo Martirológio reporta-se também uma bela tradição oral, segundo a qual junto do corpo de São Tarcísio não foi encontrado o Santíssimo Sacramento, nem nas mãos, nem entre as suas vestes. Explica-se que a partícula consagrada, defendida com a vida pelo pequeno mártir, tornara-se carne da sua carne, formando assim com o seu próprio corpo uma única hóstia imaculada ofertada a Deus.

Caríssimos acólitos, o testemunho de São Tarcísio e esta bela tradição nos ensinam o profundo amor e a grande veneração que devemos ter pela Eucaristia: é um bem precioso, um tesouro cujo valor não se pode medir, é o Pão da vida, é o próprio Jesus que se faz alimento, sustento e força para o nosso caminho de cada dia e estrada aberta para a vida eterna; é o maior dom que Jesus nos deixou.

Volto-me uma vez mais aos aqui presentes e, por meio de vocês, a todos os acólitos do mundo! Sirvam com generosidade a Jesus presente na Eucaristia. É uma tarefa importante, que lhes permite estar particularmente próximos do Senhor e crescer na amizade verdadeira e profunda com Ele. Guardem com zelo esta amizade em seus corações, como São Tarcísio, pronto a se empenhar, lutar e dar a vida para que Jesus chegasse a todos os homens. Anunciem também aos seus amigos o dom desta amizade, com alegria, entusiasmo, sem medo, a fim de que eles possam sentir que vocês conhecem este mistério, que ele é verdadeiro e amado! Toda vez que vocês se aproximam do altar, têm a sorte de auxiliar o grande gesto de amor de Deus, que continua a querer se doar a cada um de nós, a estar perto, a ajudar, a dar forças para viver bem.

Com a consagração – vocês sabem – aquele pequeno pedaço de pão torna-se Corpo de Cristo, o vinho torna-se Sangue de Cristo. Vocês têm a sorte de viver próximos deste indizível mistério! Desempenhem com amor, com devoção e com fidelidade a tarefa de acólitos; não entrem na igreja para uma celebração com superficialidade, mas preparem-se interiormente para a Santa Missa! Ajudando os sacerdotes no serviço do altar a trazer Jesus mais perto, para que as pessoas possam sentir e perceber ainda mais: Ele está aqui; vocês colaboram a fim de que Ele possa estar mais presente no mundo, na vida de cada dia, na Igreja e em cada lugar. Queridos amigos! Vocês emprestam para Jesus as suas mãos, o seu pensamento, o seu tempo. Ele não deixará de recompensá-los, dando-lhes a alegria verdadeira e a felicidade mais plena. São Tarcísio mostra-nos que o amor pode levar até mesmo à entrega da vida por um bem autêntico, pelo verdadeiro bem, pelo Senhor.

A nós provavelmente não é pedido o martírio, mas Jesus nos pede fidelidade nas pequenas coisas, recolhimento interior, participação interior, nossa fé e esforço para manter presente este tesouro na vida de cada dia. Pede-nos a fidelidade nas tarefas diárias, o testemunho do Seu amor, frequentando a Igreja por convicção interior e pela alegria da sua presença. Assim podemos também dar a conhecer aos nossos amigos que Jesus vive. Neste compromisso, ajude-nos a intercessão de São João Maria Vianney, de quem hoje se marca a memória litúrgica, este humilde pároco da França, que mudou uma pequena comunidade e desse modo deu ao mundo uma nova luz. O exemplo dos santos Tarcísio e João Maria Vianney leve-nos todos os dias a amar Jesus e cumprir Sua vontade, como fez a Virgem Maria, fiel ao Seu Filho até o fim. Mais uma vez obrigado a todos! Que Deus os abençoe nestes dias e um bom retorno aos seus países!

Após a audiência, o Papa dirigiu-se aos peregrinos em diferentes idiomas. Em português, disse:

Amados peregrinos vindos do Brasil, de Portugal e demais países de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial a todos os acólitos e coroinhas aqui presentes. Que a exemplo do vosso padroeiro, São Tarcísio, possais crescer sempre mais no amor à Eucaristia que é o tesouro mais precioso que Jesus nos deixou. Que Deus derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençôo. Ide em paz!

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Fonte: Zenit